
18 de setembro de 2006
17 de abril de 2006
O olhar de um cão sobre tudo.
Os seus trabalhos Matheus tendem a escapar do universo da pintura e de toda a mentalidade da mistura das cores. Faz justiça na escolha da cor pura. A cor pura, na intenção premeditada alude a linha do lápis.
Duas formas importantes de se expressar apresentam-se claramente; o desenho puro a lápis e a pintura colorida pela água. O seco (desenho) e o úmido (a pintura). Duas avenidas.
Pintura Mãe - 2005
Acrílica sobre eucatex - 1,30 x 0,90 m
Acrílica sobre eucatex - 1,30 x 0,90 m
Mas aonde encontram-se, os seus olhos de colorista?
Devo lhe dizer que no desenho, você literalmente abandona a “cor” em detrimento da chuva prateada que o lápis de grosso calibre exerce sobre o papel. Criando formas densas de um amplo carbono, exercendo a pressão do grão sobre a folha de papel e esmagando o grafite até obter um negro (fragmentos de galhos, círculos, casas, portos, navios e outras estruturas de seu interesse) ganham luz. Ganham a atmosfera de céus e de ar, de ausências que são importantes na escolha e no olhar em direção para essas “estruturas”. Como nas plantas o encanto sutil, para fractais existentes vistos na natureza são compreendidos, de maneira direta e sensível, pela linha de lápis feito “farpas” contornando e esfiapando, toda a densidade da madeira ou outra coisa qualquer que represente na folha de papel. (textura e veios). O desenho, torna claro as intenções espaciais do pintor. Nele, não existe mais a intenção multicolorida na preparação de uma “paleta” para ser despejada na superfície da tela. A coisa apresenta-se drasticamente mais simples e disponível, para o alívio de seus olhos e tensão, de suas mãos.
A linha pura sobre o papel é a linha preta que faz a textura dos objetos como o olhar de um cão sobre tudo.
Cadernos
Na série dos “troncos” que estavam abandonados sobre as águas do mar, (tão lisos e polidos eles ficaram) desenhados no seu caderno, envolvidos pela linha salgada do lenho, alisando aquelas carcaças, aquelas formas que mais pareciam “ossos enterrados na areia”.
Mangue 3 - 2005
Garfite sobre papel - 0,20 x 0,30 m
Garfite sobre papel - 0,20 x 0,30 m
Nas folhas de papel haviam apenas o desenho das “costelas de madeira” e não a água do mar. Não havia a necessidade das ondas pois os troncos, a forma com que foram desenhados, sugerindo os detalhes, tudo conformou-se na seguinte questão;
Os troncos foram “lambidos”. Depois ficaram submersos em uma grande língua. Sugados pela maré, iam e vinham como ossos na boca de um cão, na constante cosmológica da linha que não para, ilude e é cinema e um pouco de fotografia, demonstrando o movimento.
Não havia por que desenhar o monstro que era o mar. Você fez os despojos de um jantar noturno, os fragmentos de uma árvore, apenas o seu tronco. Aquilo que sobrou e emergiu da saliva.
Ulysses, 17 de abril de 2006.
Introdução a Pintura e o Desenho

Depois, com o trabalho concluído (um verdadeiro terreno trabalhado, com o sabor das dores dos dedos se apresenta) e o pintor percebe a chegada da luz (verdadeiramente) na secagem da tinta. Incrível! Eis a sua pérola, na concha ainda aberta para o beijo úmido da luz que ligeiramente, torna-se opaca. É bem sensível a mudança de estado das formas observadas na pintura. O pigmento desloca-se silenciosamente e em “bandos” até encontrar o seu lugar entre os grãos do papel ou nas filigramas acinzentadas do linho (a alpargatas de caminhoneiro) assim como as aves escolhem no final do dia um galho entre as árvores, para passarem a noite.
A pintura encontra-se nos reinos líquidos e secos. Uma passagem de luz sobre um terreno construído e a secagem. Uma estiagem lenta, como a mudança das estações. A pintura possui a densidade das nuvens sobre uma montanha (um gesto nítido de nanquim) o peso do mar e da igreja azul do céu, nos violetas, laranjas, brancos e rosas entre as dobras da terra, nos campos lavrados e cultivados do agricultor, entre os planos, entre as tempestades nos caminhos tortuosos do andarilho, nos círculos do sol e na luz da lua, em toda a atmosfera em que os olhos pousam no lugar perfeito, para a observação da paleta particular do pintor. Uma visão da natureza. Uma pose ereta diante do cavalete.

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Ulysses, 17 de abril de 2006.
3 de abril de 2006
A folha dupla, a folha tripla...



Ulysses, 3 de abril de 2006.
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